quinta-feira, 27 de setembro de 2007

fita de cinema


Desde miúda que os filmes têm tido um papel muito importante na minha vida.
Comecei por vê-los na televisão a preto e branco quando era bem pequena.
Artistas lindos, que diziam coisas bonitas e sobretudo tão românticos que eu ficava extasiada. Fossem os filmes de acção, drama ou comédia, as mulheres eram tão bem tratadas e tão acarinhadas por os homens, que eu sempre transportei essa imagem para a realidade.
Aqueles beijos cheios de ternura e paixão, aquela delicadeza, enfim, tudo era perfeito.
È aquilo a que se chama um romance cor de rosa.
Foi com base nisso também que eu imaginei a minha vida a dois.
Mas deviam ter-me alertado para a ficção da coisa, pois é.
As pessoas têm personalidades e gostos diferentes e para que tudo funcione bem é necessário fazer cedências e sacrificios.
Assim, ao mínimo problema que surge, os nossos olhos já não objectam virtudes, beleza, perfeição, na outra criatura, perfeita nas suas limitações.
Depois vem o pior. Falta de diálogo, amuos, distância e tudo se perde, até a própria dignidade.
Sai-se ferido da questão e tropeça-se na vida.
Procura-se novos interesses, novas paixões, novas formas de mostrarmos que estamos vivos e que ainda somos objecto de sedução.
Mas o tempo vai passando e depressa percebemos que deu tudo errado.
A única coisa que importa e vale a pena são os filhos que ficam e preenchem todo o nosso vazio e quiçá, um amor verdadeiro descoberto no trajecto da incerteza e da desilusão.