Desde sempre tive muita curiosidade pela vida. Habituei-me a olhar para tudo. Mas tarde percebi que quanto mais se olha menos se vê.A tactica é outra. Não olhar, apenas observar; só assim se nota tudo com verdadeira clareza.
Por vezes parece que tenho o olhar perdido, mas a minha memória regista tudo ao infimo pormenor.
E assim vou compreendendo os outros e percebendo a hipocrisia que rodeia as relações.
Se não vejamos:
A juventude passeia-se em grupos e poucos são os que sustentam misturas; ou só rapazes ou só raparigas.
Quando vemos um grupo mais ou menos homogéneo, a confusão instala-se.
Falam demasiado alto, agridem-se verbal ou fisicamente, enfim é o não saber estar e principalmente não respeitar o 'outro'.
Quanto aos casais o caso é bem mais grave. Na casa dos trinta ou um pouco mais e dado à vida profissional muita intensa e prioritária, cada um é muito voltado para si e se têm filhos, as crianças brincam sózinhas e os pais, alheios a tudo leêm o seu jornal e tomam o seu café. Filhos a brincar com os pais, nem pensar.
Se avançarmos um pouco na idade, até se torna caricato. Sentados na mesa do café, cada um olha para o que lhe causa mais interesse. Quanto a palavras entre si, apenas ouço passado um tempo, algum deles pedir a conta.
Quando caminham pelas ruas ou pela beira da praia, parece uma corrida em disputa a ver quem chega primeiro. Ou vai ele à frente ou vai ela.
Um pouco mais à frente e quando a idade pesa e as pernas também é uma ternura vê-los ás turras a falarem bem alto para que o parceiro(a) possa ouvir tudo tintim por tintim.
Em contextos diferentes até que as coisas são semelhantes.
Se tudo funciona assim aos olhos de quem vê, imaginem agora onde as paredes eas telhas tudo encobrem...
Falta diálogo, falta carinho, falta fazer o outro feliz em prol da nossa propria felicidade.
Amar o outro é fazer cedências, é entender, é ajudar, é dar ao outro tudo o que gostariamos para nós.
E é por isso que é tão dificil fazer falar o coração, porque mais dificil ainda é encontrar quem o escute.
